Thiago Nunes expõe bastidores do Grêmio no rebaixamento e critica gestão de Renato -
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Thiago Nunes expõe bastidores do Grêmio no rebaixamento e critica gestão de Renato

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    O ex-treinador do Grêmio, Thiago Nunes, fez revelações impactantes sobre os bastidores do clube durante o ano do rebaixamento para a Série B.
    Durante entrevista ao repórter Duda Garbi, no YouTube, Thiago detalhou situações que viveu em sua curta passagem pelo Tricolor gaúcho.
    Em um dos trechos mais polêmicos, o técnico relatou problemas graves de preparação física e estrutura profissional, além de críticas à gestão concentrada na figura de Renato Portaluppi.

    Esse tipo de depoimento joga luz sobre as dificuldades internas enfrentadas pelo Grêmio em 2021, e ajuda a compreender como um clube estruturado como o Tricolor pôde chegar ao fundo do poço do futebol brasileiro. A seguir, entenda tudo o que foi dito e o impacto dessas declarações.

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    Thiago Nunes comenta sobre falta de profissionalismo no Grêmio

    Durante a entrevista, Thiago Nunes não poupou críticas ao ambiente que encontrou no clube logo após sua chegada em abril de 2021. Segundo ele, a preparação física dos atletas era precária, e alguns jogadores, na tentativa de se manter em forma, jogavam futevôlei fora do horário de treino.

    “Tivemos que acabar com algumas coisas ali dentro que eram surreais. O futebol não estava tão profissional como deveria ser”, afirmou o técnico.

    Esse tipo de denúncia levanta questionamentos importantes sobre a estrutura interna do clube e os critérios de comando técnico nos bastidores. A prática de futevôlei, longe de ser parte de um planejamento esportivo, era uma alternativa improvisada diante da falta de treinamentos físicos adequados.


    A chegada de Thiago Nunes ao Grêmio

    Thiago Nunes assumiu o comando técnico do Grêmio após a saída de Renato Portaluppi, ídolo do clube que estava há cinco anos à frente da equipe. A missão não era fácil: reconstruir um elenco viciado em métodos antigos e acostumado com a rotina deixada por Renato.

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    Mesmo conquistando o Campeonato Gaúcho sobre o Inter, seu desempenho no Brasileirão foi desastroso: apenas dois pontos em sete rodadas. O mau começo acelerou sua demissão, mas segundo o próprio treinador, as raízes do problema eram bem mais profundas.


    O problema estrutural vai além do campo

    A fala de Thiago Nunes evidencia que o problema do Grêmio em 2021 não se restringia apenas aos resultados dentro de campo. A estrutura administrativa e o ambiente de trabalho foram apontados como fatores que minaram a evolução do elenco.

    “Quando a gente começa a sistematizar algumas coisas, gera discórdia, atrito e divergência”, completou Thiago.

    Essas declarações mostram um clube dividido internamente, com resistências a mudanças e um certo comodismo institucional. A cultura de centralização de poder em torno de um único nome — no caso, Renato — deixou um vácuo administrativo no momento de transição.


    Gestão centralizada: elogios e críticas a Renato Portaluppi

    Embora tenha feito ressalvas importantes sobre a estrutura do Grêmio, Thiago Nunes não deixou de reconhecer o legado de Renato Portaluppi. O treinador exaltou a idolatria construída com base em títulos como a Copa do Brasil (2016) e a Libertadores da América (2017).

    Contudo, o técnico também fez duras críticas à centralização do poder:

    “O Grêmio utilizou o Renato como imagem para blindar o clube. Quem fica quatro, cinco anos com esse tamanho afasta muita gente.”

    Segundo ele, isso criou uma espécie de “represamento” político dentro do clube, em que vozes importantes foram silenciadas. Quando Renato saiu, houve uma explosão de opiniões conflitantes, o que aumentou a pressão e a instabilidade no ambiente.


    Análise comparativa: desempenho de Thiago Nunes vs outros técnicos de 2021

    TécnicoJogosVitóriasDerrotasPosição na Tabela
    Thiago Nunes144719º lugar
    Felipão206918º lugar
    Vagner Mancini143717º lugar

    Apesar dos números ruins, é possível perceber que nenhum técnico conseguiu estabilizar o time na Série A. A rotatividade no comando técnico foi outro fator determinante para o rebaixamento.


    Preparação física: ponto-chave no declínio

    Um dos pontos mais graves levantados por Thiago foi a deficiência na preparação física. Em campeonatos de pontos corridos como o Brasileirão, a condição física dos atletas é fundamental para a regularidade e competitividade do elenco.

    Segundo o treinador:

    “O Reverson Pimentel já estava tentando melhorar, mas a situação era crítica.”

    A falta de um plano de trabalho adequado e a ausência de disciplina física comprometeram o desempenho tático do time. Jogadores sem ritmo de jogo, falta de intensidade e lesões frequentes foram reflexo dessa realidade.


    Clima político interno e resistência a mudanças

    Thiago também mencionou que encontrou um ambiente altamente político no clube. Grêmio e Inter, segundo ele, são clubes com culturas muito ligadas à política interna, o que dificulta mudanças estruturais.

    “No momento que o Renato sai, imagina cinco anos represados, de pessoas que não tinham voz e agora querem ser ouvidas.”

    Essa visão mostra que o processo de transição de comando foi mal planejado e enfrentou resistência de conselheiros, dirigentes e até jogadores, acostumados a uma estrutura personalista.


    Rebaixamento inevitável: falhas administrativas e técnicas

    Mesmo após a saída de Thiago, o Grêmio não conseguiu se reerguer. Comandado por Felipão e depois por Vagner Mancini, o clube não conseguiu escapar do rebaixamento, selado ao final da temporada 2021.

    Essa foi a terceira queda do Tricolor na história, junto com 1991 e 2004, e escancarou a necessidade de mudanças profundas, tanto dentro quanto fora de campo.


    A passagem de Thiago Nunes pelo Ceará

    Após deixar o Grêmio, Thiago assumiu o comando do Ceará, clube em ascensão na Série A. No entanto, seu trabalho também foi breve, durando de agosto até março do ano seguinte.

    Apesar da curta permanência, o técnico conseguiu implementar um modelo de jogo mais ofensivo e deixou boa impressão em parte da torcida. Hoje, Thiago segue sem clube, mas segue acompanhando o cenário do futebol nacional.


    O que o Grêmio aprendeu com a queda?

    O rebaixamento de 2021 forçou o Grêmio a reavaliar sua estrutura. Em 2022, o clube apostou na reformulação do elenco, no retorno de Renato e em uma nova gestão de futebol mais profissionalizada.

    As lições deixadas pela passagem de Thiago Nunes, embora controversas, podem servir como alerta para evitar novos colapsos.


    Conclusão: uma entrevista que expõe mais do que resultados

    As declarações de Thiago Nunes sobre o Grêmio vão muito além do campo. Elas expõem um clube com sérios problemas de gestão, estrutura física deficiente e cultura organizacional engessada.
    Ao falar sobre futevôlei fora de hora, falta de treinamentos e clima político, o treinador joga luz sobre as raízes do rebaixamento de 2021.

    Embora não tenha tido sucesso em sua curta passagem, Thiago parece ter feito um diagnóstico preciso dos bastidores do clube naquele período.
    Agora, cabe à diretoria gremista aprender com os erros e reforçar suas estruturas, especialmente em preparação física, comando técnico e profissionalização da gestão.

    A entrevista é um lembrete poderoso de que, no futebol moderno, vitórias começam fora de campo. E quando a estrutura falha, nem a camisa mais pesada resiste por muito tempo.